sábado, 13 de junho de 2009

4:20



Podia não achar nada no meio de tanto, podia não ver nada além de um palmo à frente do meu nariz, como também podia não sentir nem viver... mas isso seria como me tirarem a ficha depois de uma luta cansativa contra ás máquinas do tempo. Que seria eu para além de fria e morta, deitada no abismo da minha inconsciência? Seria tudo, porque nesse lugar podemos ser tudo. No chão frio onde me deito nada mais podes ser para além de terra à espera da água fria de um poço. Seria a corrente do vento a soprar Norte a Sul, porque apenas seria o vertical de um dia, jamais estaria adormecida.

Podia até querer a imperfeição de um só gesto, imperfeição torna-o único no meio de tantos gestos vagos e submissos. O cinza que escurece os dias de Inverno profundo no meio do frio, no meio da rua. Quem me leva a casa e me deita e me delicia e me torna numa almofada de repouso para uma única noite de descanso profundo. Maça não proibida, de ti, tiro uma única dentada. Não desejo mais, não desejo menos.

O gelo escondido torna-se tão espesso em alturas de loucura, apenas derrete o que tanto se escondeu, o que tanto se guardou. Os segredos. Todos os temos, não interessa negar, apenas se tornará em mentira. Debaixo da cama apenas o pó do cimento em que tentei furar o chão para nele me esconder. Mentira. Prefiro sair e apanhar a chuva no meu peito aberto, na minha pele pura, nos meus lábios sedosos. Sentir as gotas no cabelo a caírem até às minhas costas, com arrepios da pura das verdades em viver molhada. Indiferença do fumo em chaminés velhas e inclinadas, do cheiro a terra molhada e do barulho de um relógio a falar, que será da ponta de tudo nesta mera vivência de um destino traçado.

Podia ser tudo, podia ser nada... Até mesmo isto se tornar em palavras de nada.


Diana W.

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