terça-feira, 9 de março de 2010

O despertar



A noite já dorme.

Mais um vez, o sono não aparece sem contar.

Por entre as fendas da janela, as luzes que batem e fogem pela noite despertam-me sempre que penso que é desta que vou cair no meu coma. Mas não, enganei-me. Fico assim, deitada a olhar aquelas luzes e as sombras que passam de carros daqueles que chegam tarde a casa, as portas a fechar e abrir finalmente para o silêncio lindo da noite...

Levanto a cabeça para satisfazer a minha curiosidade das horas, e de forma irónica, elas não param de passar... Mais uma vez, não consigo dormir. Estou cansada de não dormir, estas camas não são feitas para mim. Sou como o negro da noite e o assobio do vento, sempre presente embora pareça ausente.

Tento não desesperar pelas horas, e fecho os olhos. É o conselho que dão sempre: "Fecha os olhos e descansa!" Invejo quem assim o faz. Sou ser fraco e incansável que não consegue fazer algo simples como sonhar.

"Estás a dispersar em preocupações mais uma vez, desperta disso! Respira fundo e relaxa! Abraça quem está ao teu lado dorme, isso trará tranquilidade!" Sigo o meu conselho, é o mais acertado. Abraço-me e sinto-me mais segura. Vejo as sombras no tecto, ouço as portas a abrir e a fechar, mas sem o silêncio. Ouço a minha respiração acelerada e uma tão tranquila e pausada... Tão sereno, tão belo... Mas nesse mesmo momento não deixo de me sentir tão distante. Saudades das noites em branco a discutir cores e sem medo de dizer que tenho medo.



D.W

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