quinta-feira, 11 de março de 2010

Alberto por entre meus versos




Enquanto vejo a primeira andorinha a procura de ninho, agarro-me aos versos que tanto gosto. Aí s pudesse vivê-los, palavra a palavra, verso a verso...! Como um filme que nos faz suspirar, ou um livro que não conseguimos pousar por querer tanto uma realidade por entre as linhas.

Ouço o mestre a falar de rios e riachos, de flores e pastos. Gostava eu de poder escrever aqui que é assim que sigo a minha vida, não ter filosofias e ter apenas sentidos, mas não o farei. Creio que tudo se torna mais simples, mais belo, se víssemos das coisas apenas coisas, "porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?"

Agarro-me a estas linhas como alfaiates a remendar os nossas roupas: agulha, dedal, linha, ponto cuidadoso, dois bocados de pano, criação; horas gastas na mão do artista para transformar do velho, novo. Apesar do seu fingimento, consigo deliciar-me com as palavras, vejo-me na pele do artista. Sinto as suas dores, seus sonhos, seus medos, seus hábitos, tal como um actor com sua personagem. Não teremos todos as nossas máscaras?

Gostava que em mim fosse tão natural como respirar, mas não é. Tento que seja. Mas ao tentar, já deixou de ser. Sou apenas mais uma fingidora sem querer sê-lo. Finjo que sei o que digo entre os versos, finjo que sei os caminhos que me esperam, finjo que os receios não me atormentam. Finjo. A poesia como o levantar do vento.

Mas ao querer sê-lo, sinto-me tão leve como as andorinhas que vejo passar, leve e livre. A sensação dá-nos essa liberdade, de poder ver as coisas como elas são, de poder apenas tocar, sentir e cheirá-las; de ver a vastidão do mar, as suas ilhas e as andorinhas a passar e conseguir ver algo único e belo.

O sabor dos versos nos meus lábios, ó como te adoro poesia sensacionalista!



Diana W.