domingo, 9 de março de 2008

Sente-se...

Sente-se.
Está sentado?
Encoste-se tranquilamente na cadeira.
Deve sentir-se bem instalado e descontraído.
Pode fumar.
É importante que me escute com muita atenção.
Ouve-me bem?
Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo.

Você é um idiota.
Está realmente a escutar-me?
Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção?
Então
Repito: Você é um idiota.
Um idiota.
I como Isabel, D como Dinis, outro I como Irene,
O como Orlando, A como Ana.
Idiota.

Por favor não me interrompa.
Não deve interromper-me.
Você é um idiota.
Não diga nada. Não venha com evasivas.
Você é um idiota.
Ponto final.

Aliás não sou o único a dizê-lo.
A senhora sua mãe já o diz há muito tempo.
Você é um idiota.
Pergunte pois aos seus parentes
Se você nao é um I.
Claro, a você nao lhe dirão
Porque você se tornaria vingativo como
todos os idiotas.
Mas os que o rodeiam já há muitos dias e
anos sabem que você é um idiota.
É típico que você o negue.
(...)
Bertolt Brecht


João Carlos

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