sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Estação


Sento-me mais uma vez e espero. Espero pelo meu banco a caminho da terra. Todas as pessoas à minha volta esperam pelo mesmo enquanto isso, escrevo. Escrevo porque ajuda-me a pensar, ajuda-me a passar. Imaginar pessoas, imaginar destinos, o que nos move perante o tempo.
Está atrasado. Já cá devia estar.
Pessoas determinadas, claramente já tem destino marcado; algumas perdidas "Menina, este é o caminho para...?" Eu, uma mera desconhecida nesta terra, ou pelo menos achava-me assim, pois consigo ter sempre uma resposta para dar; outros simplesmente olham para o mapa, a pensar onde estariam.
Já chegou. Já tenho banco.
A minha música é sempre o meu melhor aliado na viagem.
As diferentes pessoas, algumas com ar pensativo, que estarão a pensar?; outros sorriem, nota-se que se lembram de algo do seu dia muito provavelmente; e outros apenas esperam. Um mundo de pessoas e rostos, é apenas o que vejo. Embora consiga centrar a minha atenção em algo tão doce como uma criança. Deixa-me a sorrir, o que me torna uma desconhecida de mim mesma. O modo tão tranquilo e sereno que ele aparenta ter, como deve ser lindo olhar para o mundo pela primeira vez.
Este caminho já o fiz várias vezes, mas não deixa de ser lindo ver o milho cortado, quando o vi crescer, do mesmo modo começo a ver flores a quererem sair, quando as vi nuas e desnutridas. Até a lua já aparece apesar do sol ainda estar altivo. Um final de tarde, o inicio de uma noite desperta.
Começa a não haver lugares disponíveis. Esta terra deve ser muito concorrida, todos caminhamos para o mesmo destino.
Adoro viajar sozinha. É talvez dos raros momentos em que me encontro sozinha comigo mesma. Ajuda-me a pensar, incentiva-me a escrever, mantenho a minha música, os meus refúgios são estes. Neste banco já fui a mais feliz, neste banco já fui a mais triste, mas uma coisa se manteve, neste banco penso. Talvez a estação e este banco sejam o meu confessionário, e as minhas palavras os meus juízes. Estou aqui mas em lado nenhum.
Já estou a meio do meu percurso. O sol já não se encontra altivo mas a lua marca cada vez mais a sua posição como representante de uma longa noite fria.
Já não há mais lugares disponíveis. Todos temos alguma coisa que nos espera no destino. O meu será as saudades de uma brisa fresca, as saudades de ouvir um relógio que entoa por todo o percurso de um rio...
A música ajuda-me a sentir-me mais próxima de quem não toco, sem dúvida que me fazem sorrir. Se a a minha forma de conseguir sorrir é ouvir, ver e recordar, assim o farei.
Começo a sentir o que me espera no destino. Passar por cima deste rio e ver a mais bela imagem de um pedaço de mim, onde as nuvens e o sol apenas melhoram as memórias.
Cheguei.


Diana W.

2 comentários:

Bruno Neves disse...

lindo! speachless...

Bruno Neves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.